Desta vez a distópica, mas verdadeira, pandemia não causou perturbações no maior acontecimento cultural do Norte de Portugal e da segunda maior cidade do país. Com efeito, na sua 41ª edição o Festival Internacional de Cinema do Porto não sofreu, ao contrário do que aconteceu em 2021, quando celebrou quatro décadas de existência, quaisquer atrasos na sua realização, tendo começado a 1 de Abril (e não foi mentira…) e terminado a 10 do mesmo mês.
No que se refere ao palmarés, ou seja, aos prémios atribuídos neste ano de 2022, eles foram os seguintes, por decisão do júri internacional do festival: Grande Prémio para Melhor Filme – «Follow Her», Sylvia Caminer; Prémio Especial do Júri – «Barbarians», Charles Dorfman; Melhor Realização – «The Exorcism of God», Alejandro Hidalgo; Melhor Actor – Lázlo Attila Horváth, «Soulpark»; Melhor Actriz – Dani Barker, «Follow Her»; Melhor Argumento – Patrick Brunken, Rick Ostermann, Dirk Kurbjuweit, «The House»; Melhores Efeitos Especiais – Fang Yi, «Annular Eclipse»; Melhor Curta-Metragem – «Fledge», Hanni Dombe, Tom Kouris; Menção Especial do Júri – «The Good Father», Sho Kataoka. Foram ainda atribuídos prémios no âmbito da 32ª Semana dos Realizadores, distinguindo cineastas como Behrooz Bagheri, Javi Camino, Maté Fazekas, Yaser Ahmadi e Yoon Jong-Seok. De mencionar ainda os galardões específicos para filmes nacionais, com o Prémio Melhor Filme Português a ser atribuído a «Misericórdia», de Gonçalo Loureiro, e menções especiais para «Dilúvio», de Eduardo Cruz, e «Fruta Tocada por Falta de Jardineiro», de Pedro Senna Nunes.
Também como habitualmente, o Festival Internacional de Cinema do Porto deste ano constituiu um cenário e uma ocasião para diversas actividades paralelas, mas complementares, ao cinema propriamente dito. Neste âmbito há a destacar a exposição «FantasPorto – 40 Anos de Tendências», que consistiu numa «visita à evolução do grafismo nos cartazes do Fantasporto, com curadoria de João Dorminsky e reproduções de André Rocha». Tal como a apresentação do livro «Sangue Novo», da igualmente nova editora Fábrica do Terror, cujo editor e organizador, Pedro Lucas Martins, ele próprio escritor e já vencedor dos Prémios Adamastor e António de Macedo, assim descreveu depois a experiência: «ver-me não na plateia do festival, mas a apresentar a antologia que editei, com os 15 autores que a integram, é nada menos do que extraordinário. Extraordinário é também que se tenha passado pouco mais de um ano (um ano e três meses, para ser exacto) desde que lhes estendi o convite para escreverem um conto e participarem nesta obra pioneira, que pretende dar a conhecer novos talentos da literatura de terror nacional. No primeiro andar do Teatro Rivoli, 15 cadeiras esperam. Quase todos os autores vieram, não apenas de vários locais do país, mas de além-fronteiras — da Escócia, do Luxemburgo, da Alemanha, de França. Querem estar presentes naquele que continua a ser um dos festivais de referência no nosso país e ver o seu trabalho, merecidamente, reconhecido. De forma mais ou menos consciente, fazem parte da mudança que pretendo ver no nosso país em relação ao terror.»