A 8 de Abril deste ano assinalei aqui os 10 anos da publicação do meu livro «Espíritos das Luzes». Então expressei a (quase) certeza de que mais motivos existiriam no futuro para voltar a falar e a escrever sobre ele…
… E eis um que é particularmente importante, significativo, para mim: no Nº 24 da revista Nova Águia, apresentada em 18 de Outubro último e correspondente ao segundo semestre de 2019, está, nas páginas 266 e 267, uma recensão ao meu romance feita por Anabela Ferreira, coordenadora do Núcleo de Alverca do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, e que, aliás, foi a minha anfitriã na especial, memorável apresentação de três outros livros meus feita naquele espaço em 7 de Outubro de 2017 – dois individuais («Q», em 2015, e «Nautas», em 2017) e um colectivo («Luís António Verney e a Cultura Luso-Brasileira do seu Tempo», em 2016), todos editados pelo Movimento internacional Lusófono.
Seguem-se alguns excertos da análise, de alguém que conhece e que estudou a época histórica (século XVIII) que está na base da narrativa: «(…) Trata-se de uma obra de génio literário. (…) Foi daquelas leituras imersivas, que uma pessoa tem de se obrigar a parar, não vá ficar presa, irremediavelmente, naquela dimensão alternativa. (…) A genialidade não está tanto na criação fantástica de toda uma nova tecnologia de gadgets e equipamentos mecânicos, robóticos, enfim, futuristas num século em que de facto não existiram, mas porque o autor revela um profundo conhecimento da História e dos personagem que retrata, manifesto pelos excertos dos textos reais e “encaixando-os”, na perfeição, no enredo por si criado. (…) E se os diálogos são dos próprios personagens reais, a ligação com o maravilhoso, o fantástico e a ficção científica é-nos apresentada pelo narrador/autor numa linguagem contemporânea cheia de humor e leveza, que contrasta muitas vezes com os textos factuais sem nunca perder o sentido da obra, de uma forma em que não podemos deixar de sentir que, embora se trate de ficção, faz tanto sentido que podia ser real. (…) Esta obra é única. A História é a nossa, os personagens são, na grande generalidade, conhecidos por todos os portugueses, não há como não nos identificarmos. Para aqueles que podem não gostar muito do género romance histórico, garanto que embora a História se faça presente no carácter dos personagens e em algumas das acções, esta obra vai muito para além disso. Para aqueles que até podem gostar de História mas que não sentem o apelo da ficção científica, aventurem-se porque se trata de um exercício fascinante, o de reflectir sobre os caminhos que a História poderia ter seguido se a tecnologia aqui representada tivesse existido. (…)»
Anabela Ferreira termina a sua recensão, que muito agradeço e que me honra, manifestando a esperança de que eu me «sinta estimulado a criar outras aventuras do género». E, efectivamente, no ano a seguir a «Espíritos das Luzes» ter sido publicado iniciei a redacção do meu segundo romance, que concluí em 2014… pelo que já passaram, pois, cinco anos sem eu ter conseguido publicá-lo – apesar de, nesse espaço de tempo, ter contactado várias editoras. Algo que, juntamente com outros, e igualmente desagradáveis, factos e factores me leva(ra)m a concluir que terei chegado ao fim de um ciclo.