Uma vez mais Setembro foi o mês em que a capital de Portugal também se tornou a capital nacional do «medo»: o MoteLx 2023, que decorreu entre os passados dias 12 e 18, constituiu a 17ª edição do festival internacional do cinema de terror de Lisboa, e, para os aficionados do género, o «alojamento» esteve assegurado.
O fundamental da iniciativa foi mencionado no comunicado de imprensa final, do qual se transcreve a seguir alguns excertos: «(…) “De Imperio”, de Alessandro Novelli, foi distinguido com o Prémio MoteLx-Melhor Curta de Terror Portuguesa, no valor de 5000€, entre 12 filmes nacionais. O júri, composto por Ingmar Koch (músico e produtor), Juan Castro Garcia (director artístico do Galician Freaky Film Festival) e Rita Blanco (actriz), justificou a escolha desta película “por criar um mundo próprio paralelo à realidade de forma metafísica”, onde “nada é óbvio, é sempre inesperado e nem sempre compreensível à primeira vista porque tem várias camadas”. “Paralisia”, de Inês Monteiro, recebeu uma Menção Especial nesta competição que concretiza um dos maiores objectivos do MoteLx: promover, incentivar e exibir filmes de terror produzidos em Portugal. O mesmo painel de jurados atribuiu ainda o Prémio Méliès d’Argent-Melhor Curta Europeia a “Gangrene”, do cineasta espanhol Ignacio Gil-Toresano Fernández, por conseguir mostrar “o medo, o pavor, o desassossego com muito pouco”. Na corrida ao Prémio Méliès d’Argent-Melhor Longa Europeia venceu “Superposition”, da realizadora dinamarquesa Karoline Lyngbye. O actor Dinarte de Freitas (…), o realizador Gonçalo Almeida e a directora-geral do Sitges-Festival Internacional de Cinema Fantástico da Catalunha, Mònica Garcia Massagué, formaram o júri que destacou o “elenco talentoso”, “a excelente cinematografia” e “a complexidade na utilização de artifícios da fantasia para mostrar uma teia narrativa bem tecida”. A Menção Especial coube a “Hood Witch”, do francês Saïd Belktibia. “Irati”, de Paul Urkijo Alijo (Espanha), ganhou o Prémio do Público da 17.ª edição do MoteLx. (…) Os directores artísticos Pedro Souto e João Monteiro sublinharam os “10 dias incríveis” de festival, “que começaram com três dias memoráveis de warm-up”, e os “cerca de 170 filmes, entre longas e curtas-metragens, cerca de 80 sessões e muitos países e sub-géneros do cinema de terror representados”. Para o último dia do 17.º MoteLx destaca-se o cine-concerto de Surma a interpretar, ao vivo, a banda sonora que compôs para o filme português “Os Olhos da Alma”, que comemora 100 anos. A longa-metragem de Roger Lion foi produzida e escrita por Virgínia de Castro e Almeida, uma pioneira do cinema de ficção em Portugal, poucas vezes louvada ou mesmo referida. (…)»
Nem só de filmes se fez o MoteLx 2023. O Cinema São Jorge serviu ainda de palco para a apresentação do livro «Enciclopédia do Terror Português», obra colectiva em que participam 11 autores, um dos quais David Soares com o artigo «Os monstros dos “cordéis”, embrião da literatura de horror ou de terror em Portugal».