Lançamentos divergentes

A Editorial Divergência apresentou no passado mês de Janeiro o seu plano editorial para 2022, em que, mais uma vez, as antologias temáticas são componentes fundamentais. Na verdade, para este ano, e de um total de 10 obras previstas, as colectivas são nada mais nada menos do que quatro: «Os Monstros que nos Habitam» (Fevereiro), «Os Medos da Cidade» (Março), «Almanaque Steampunk 2022» (Setembro) e «Por Mundos Divergentes» (Novembro). Entretanto, os livros de autoria individual continuam a ter uma forte importância no catálogo desta editora portuguesa especializada em Ficção Científica e Fantástico, e dos apresentados nesta mais recente lista destacamos:

«Insight», Bruno Martins Soares (Abril): «O amor deixa-nos loucos ou incrivelmente sãos? Numa pequena cidade americana, começam a acontecer coisas estranhas a Matt, que recentemente se tornou viúvo: o seu filho de 9 anos parece desenvolver poderes sobrenaturais, aparições da sua falecida esposa tornam-se frequentes e está a ser seguido por um homem suspeito. Quando o seu filho é raptado, Matt mergulha numa espiral de eventos inexplicáveis. Terá de fazer o inimaginável para salvar a sua família.» O mais recente trabalho de um criador talentoso, prolífico e multifacetado (e ainda, talvez, colaborador da Simetria), inicialmente revelado ao grande público português em «A República Nunca Existiu!»

«O Mundo de Quatuorian», Cristina Pezel. «Volume I – Cheiro a Tempestade» (Maio): «Quatuorian é um mundo repleto de criaturas fantásticas e paisagens de flora e fauna invejáveis, constituído por quatro terras: Crystallos, Caldária, Probatus e Jucundus. Os habitantes de Quatuorian são também pessoas especiais, com poderes extraordinários e vidas empolgantes. Mas o destino de Quatuorian está em risco e está nas mãos de Teriva, Vinich e Julenis, três jovens amigos com grande potencial, salvar as suas terras do mal. Com a ajuda dos seus Mestres e do Códice dos Mestres, o grupo terá pela frente um longo percurso repleto de obstáculos e peripécias mágicas e surpreendentes, seguindo a profecia que anuncia o retorno do Imperador milenar.» «Volume II – O Regresso do Imperador» (Julho): «Toda a Quatuorian entra em decadência, num regime totalitário e de abuso de poder, após a tomada de posse do Império pelo ditatório Vorten. A situação em Quatuorian torna-se ainda mais difícil com ataques de criaturas sombrias evocadas pelo poder maligno que se faz sentir. O novo imperador tem um plano maior, um plano de destruição e caos, e os três jovens escolhidos, Julenis, Teriva, Vinich terão de fazer de tudo para realizarem a profecia do regresso do Imperador lendário, que o deterá e salvará o mundo.» Promete ser mais uma «saga» inspirada n’«O Senhor dos Anéis», na qual sobra em entusiasmo o que falta em originalidade.

«Pela Cabeça do Rei», Nuno Almeida (Outubro): «Dragnar de Armas, antigo guarda-costas do rei tornado mercenário, tem apenas um desejo: cortar a cabeça de sua majestade, Agramonte III. Há quem diga que apenas procura vingança, mas Dragnar quer apenas proteger o reino. Para tal, contará com a ajuda de Reicard, capitão de uma companhia de mercenários e o único homem em quem confia, e Finrra, uma assassina encarregada de o matar mas que vê nele e no seu plano louco a única oportunidade de escapar a uma vida e a uma profissão que abomina. Dragnar irá raptar, torturar e matar, trair e ser traído, bater aos portões da morte e regressar ao mundo dos vivos, motivado por um único desejo. Tudo fará pela cabeça do rei.» Uma sinopse bizarra para uma premissa ainda mais bizarra; devemos esclarecer aqui, também porque a Divergência não o faz nem na página dedicada ao plano editorial de 2022 nem em todo o sítio, que esta obra foi declarada vencedora do Prémio António de Macedo 2021, o que justifica sérias dúvidas quanto ao processo de selecção utilizado no galardão, e interrogações sobre se existiriam ou não a concurso obras de maior originalidade e qualidade e, logo, mais merecedoras da distinção.

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