O Spitzer é um telescópio espacial que observa o Universo nos comprimentos de onda do infra-vermelho (que nós sentimos apenas como calor). Foi lançado em 2003, e além do escudo que o protege da radiação solar, foi colocado numa órbita especial: em torno do Sol, seguindo a Terra na sua viagem anual em torno do astro-rei.
Os seus detectores são refrigerados até perto do zero absoluto, pelo que a sua missão terminará quando as reservas de gás refrigerante se esgotarem daqui a dois anos, como aconteceu com outros observatórios espaciais de infra-vermelhos no passado.
Na semana passada, um press-release da NASA anunciava algumas descobertas realizadas graças a este telescópio, que foram erroneamente divulgadas nalguns meios portugueses…
Na realidade, o Spitzer não descobriu o mais jovem planeta do Universo… O que se passou foi que, ao observar uma estrela jovem (conhecida como CoKu Tau 4), se constatou a existência de uma zona limpa no disco de poeiras que a acompanha, e se especula que essa zona se deva à presença de um planeta, que “varreria” a área de poeiras… como a estrela é muito jovem, tal planeta (não observado, portanto especulativo) seria ainda mais jovem – e forneceria dados importantes para melhorar a nossa compreensão dos mecanismos de formação planetária.
Mas o Spitzer também descobriu discos protoplanetários em estrelas jovens distantes, e está a analisar milhares desses discos, que parecem demonstrar que a formação de planetas é uma consequência extremamente comum da formação de estrelas.
E confirmou ainda, analisando discos já conhecidos, a presença de compostos voláteis e orgânicos (água, dióxido de carbono, metanol), que podem explicar a origem dos cometas, por exemplo.
Com a sua missão ainda longe do fim, podemos esperar com certeza muitas mais descobertas excitantes da parte deste telescópio, um dos quatro “Grandes Observatórios” da NASA, junto com o Hubble (no visível), o Compton (raios gama) e o Chandra (raios X).