Arquivo do dia: 2013-01-24
Guichê é mais um poema de Alexandre O'Neill, embora, contrariamente aos anteriores, seja razoavelmente longo. Trata-se de um texto em que O'Neill destila a sua raiva contra os burocratas, não necessariamente funcionários públicos, mas decerto funcionários de alguma coisa, e a tendência que mostram de deixar o utente à espera ad aeternum enquanto põem a conversa em dia. Quando o burocrata trabalha, começa ele, é pior do que quando destrabalha. Entre a ironia e o sarcasmo, o poema é tão acutilante como este início sugere, e tem um fim absolutamente hilariante. Deste sim, gostei bastante.
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Pois é outro poema de Alexandre O'Neill, um pouco mais comprido e substancialmente mais brejeiro, sobre a frustrante situação do "respeitoso membro de azevedo e silva" (assim mesmo, sem ter cá coisas maiúsculas) que queria, mas não conseguiu, "perpenetrar nas intenções de elisa". Mais uma historieta da vida banal que, sim, consegue provocar mais que um leve sorrisinho a quem tenha do humor a mesma conceção que eu. Deste gostei.
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Chaval é outro pequeno poema de Alexandre O'Neill sobre a banalidade quotidiana. Este é sobre um adolescente, ainda borbulhento e inocente. Gostei mais que do anterior, quanto mais não seja por causa do uso de terminologia pouco habitual, como "chaval". É sempre com gosto que vejo alguém a torpedear a mediocridade bem-pensante e melhor falante das "belas letras". Sou assim, um eterno chaval.
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Escalfeta é um daqueles pequenos poemas de Alexandre O'Neil sobre a pequenez da vida. É irónico, claro. Mas não gostei muito. Pareceu-me mais pretexto para encher uns quantos versos com rimas em -eta do que propriamente coisa com que o O'Neill quisesse mesmo dizer alguma coisa. Não é mau, mas não gostei muito.
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