A privatização da companhia aérea portuguesa TAP (a maior companhia do seu género em Portugal) não ganhou altitude, pois nem chegou a descolar, como convém. Resta saber se o negócio absurdo foi somente adiado ou se, com efeito, este é o início do fim da sanha privatizadora que enfebrece este governo; que, a ganhar velocidade, até poderia seguir para a privatização da segurança social, por que não? O que interessa é que a TAP, pelo menos, ficou livre de ser dada em bandeja de prata à Colômbia: esse estado que, note-se, é um dos cinco países onde mais jornalistas são assassinados "misteriosamente" (os outros são o Iraque, a Rússia, as Filipinas e o Bangladesh) e aquele que, de modo geral, é considerado pela comunidade internacional como o país da América do Sul que mais viola, consecutivamente, direitos humanos (suplantando nessa matéria a República do Paraguai e, talvez, as façanhas da República de El Salvador, que fica na América Central).
Menos sorte tem a empresa EDP Renováveis, com a China a comprar-lhe 49% do capital social: a China Three Gorges Corporation já era a maior accionista da EDP, detendo 21,35% do seu capital social e, evidentemente, prepara-se para adquirir o remanescente das acções que, por enquanto, ainda são propriedade do estado português. A China, toda a gente sabe, também tem um excelente currículo de respeito pelas liberdades civis e pelos direitos humanos, como se pode observar pela forma como tem tratado as suas minorias étnicas e religiosas, como os tibetanos ou os falungonguianos, por exemplo. Isto para não falar em negócios que a China tem feito com outros países, como os Estados Unidos, de quem é o maior credor, ao quais chamar obscuros é o melhor dos eufemismos (quem tiver tempo e interesse que leia umas coisitas sobre o imbróglio da venda de água potável entre a China e os Estados Unidos).
E quem está por trás da sociedade Pineview Overseas SA, que detém 91,25% do capital social do grupo Newshold que, até este momento, é a única empresa que manifestou interesse em comprar a RTP (a nossa televisão e rádio públicos)? Ninguém sabe, aparentemente; apenas se suspeita que os seus testas-de-ferro representam milhares - leram bem: milhares - de empresas fantasmas, associadas a uma conta offshore no Panamá. Vamos mesmo vender a RTP - com o seu arquivo histórico das nossas memórias, da nossa identidade estrutural - a nomes sem rostos?
Será que o fedor do lucro já asfixiou todo o sentido de moral, se não de responsabilidade? Será que ninguém se sente chocado com esta pilhagem às nossas maiores empresas estatais, sem as quais ficaremos que nem mendigos diante de interesses pouco saudáveis?
Este é o mundo neoliberal feito à medida pelo governo iníquo que nos lidera: um mundo em que não existe nada a não ser a mais elementar e despudorada das ganâncias, mascarada por palavras chiques como "empreendedorismo" ou "competitividade". É um mundo em que não existem boas ou más políticas: apenas bons e maus negócios.
Menos sorte tem a empresa EDP Renováveis, com a China a comprar-lhe 49% do capital social: a China Three Gorges Corporation já era a maior accionista da EDP, detendo 21,35% do seu capital social e, evidentemente, prepara-se para adquirir o remanescente das acções que, por enquanto, ainda são propriedade do estado português. A China, toda a gente sabe, também tem um excelente currículo de respeito pelas liberdades civis e pelos direitos humanos, como se pode observar pela forma como tem tratado as suas minorias étnicas e religiosas, como os tibetanos ou os falungonguianos, por exemplo. Isto para não falar em negócios que a China tem feito com outros países, como os Estados Unidos, de quem é o maior credor, ao quais chamar obscuros é o melhor dos eufemismos (quem tiver tempo e interesse que leia umas coisitas sobre o imbróglio da venda de água potável entre a China e os Estados Unidos).
E quem está por trás da sociedade Pineview Overseas SA, que detém 91,25% do capital social do grupo Newshold que, até este momento, é a única empresa que manifestou interesse em comprar a RTP (a nossa televisão e rádio públicos)? Ninguém sabe, aparentemente; apenas se suspeita que os seus testas-de-ferro representam milhares - leram bem: milhares - de empresas fantasmas, associadas a uma conta offshore no Panamá. Vamos mesmo vender a RTP - com o seu arquivo histórico das nossas memórias, da nossa identidade estrutural - a nomes sem rostos?
Será que o fedor do lucro já asfixiou todo o sentido de moral, se não de responsabilidade? Será que ninguém se sente chocado com esta pilhagem às nossas maiores empresas estatais, sem as quais ficaremos que nem mendigos diante de interesses pouco saudáveis?
Este é o mundo neoliberal feito à medida pelo governo iníquo que nos lidera: um mundo em que não existe nada a não ser a mais elementar e despudorada das ganâncias, mascarada por palavras chiques como "empreendedorismo" ou "competitividade". É um mundo em que não existem boas ou más políticas: apenas bons e maus negócios.