Uma década de «Visões»

Visões

Hoje, 13 de Novembro de 2013, passam exactamente 10 anos desde a apresentação e o lançamento, em Lisboa, de «Visões», o meu primeiro livro a ser editado (com data de Outubro de 2003).

Naquele dia, a ladearem-me na mesa na sala principal da Biblioteca Municipal do Palácio Galveias, e perante uma audiência de amigos e de  familiares, estiveram duas das três pessoas decisivas para a publicação da minha obra: António de Macedo, que, enquanto responsável pela colecção «Bibliotheca Phantastica» da editora Hugin, decidiu publicar «Visões» e inseri-lo naquela; e Luís Miguel Sequeira, que em 2000 já considerara dois dos contos que a integram, «A caixa negra» e «Caminhos de ferro», como «merecedores de publicação» aquando da edição de 2000 do Prémio Literário de Ficção Científica da associação Simetria – de que posteriormente me tornaria membro e animador-colaborador permanente. A terceira pessoa a quem devo – e em primeiro lugar – a minha estreia literária é Sérgio Franclim, que conheci na Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações e que levou o meu livro ao conhecimento de António de Macedo.

«Visões» teve uma génese complicada… e demorada. Concluído em 1997, alguns dos contos nele incluídos foram escritos na primeira metade dos anos 80. E apesar de a Hugin me ter comunicado a intenção de o publicar em 2001, tal só se concretizaria dois anos depois, sendo, aliás, o último volume da colecção, em que também estão, entre outros, livros de Luísa Marques da Silva e de Maria de Menezes. «Visões» foi prejudicado: por uma impressão deficiente e incompetente, tanto na capa como no miolo; e por uma divulgação quase inexistente – as únicas (três) referências mediáticas dignas de registo, ambas em 2004, foram conseguidas por mim, e consistiram numa entrevista ao jornal Notícias de Alverca, numa (brevíssima) notícia-comentário (sem imagem de capa) na revista Umbigo, e numa (breve) apresentação com excerto do prefácio (e imagem de capa) na revista África Hoje. Em 2005 a Hugin faliu e fechou, pelo que qualquer eventual e posterior acção de promoção ficou impossibilitada. Porém, e pelo menos, ainda recebi algum (pouco) dinheiro de direitos de autor, algo que a maioria dos autores da editora não obteve; e, além dos exemplares que ficaram na minha posse, outros existem, de certeza, na Biblioteca Nacional e nas bibliotecas municipais de Lisboa, e, talvez, em alguns alfarrabistas – além, evidentemente, dos que foram vendidos ou por mim oferecidos.

No entanto, 2005 seria igualmente o ano em que «Visões» como que «renasceu», embora num outro formato, o de áudio-livro – uma edição que, todavia, não transpôs sonoramente toda a obra. Directamente, ou indirectamente por via da referência à editora Solutions by Heart, o meu livro – agora disco – beneficiou dessa vez de uma promoção superior, tendo «aparecido» no Jornal de Letras, no sítio Lifecooler e na RTP. Mas, tudo considerado, o meu primeiro livro, nas suas duas versões, ficou muito aquém do destaque e do impacto que eu gostaria e que ele merecia. Em 2011 ainda propus à Gailivro, que editara em 2009 o meu (primeiro) romance «Espíritos das Luzes», que reeditasse «Visões» no âmbito da sua então nova colecção «Mitos Urbanos»; esta, contudo, ficou-se pelos seus dois primeiros volumes…

Ontem como hoje continua a servir-me de «consolação» o prefácio que António de Macedo escreveu para o meu livro: os elogios que ele lhe fez, e o facto de o ter inserido numa certa corrente, numa determinada «tradição» do fantástico em Portugal, serviram para compensar – embora, obviamente, não totalmente – o fracasso e a frustração, nas vendas e na notoriedade. Espero que «Visões 2», já planeado, imaginado, estruturado, e que pretendo começar a escrever em 2014, tenha mais sorte.