… Solenemente que nunca verei – a não ser que seja levado ao engano – filmes estrangeiros em salas de cinema portuguesas cuja legendagem obedeça ao aberrante e execrável «aborto pornortográfico».
Tal é o caso de «Prometheus», a mais recente realização de Ridley Scott, que estreou há uma semana no nosso país e na qual eu estava suficientemente interessado para considerar vê-la pela primeira vez, excepcionalmente, sem ser no conforto do meu lar… até que me lembrei que seria melhor verificar primeiro um certo pormenor. Contactei inicialmente a Zon Lusomundo, que não souberam (ou não quiseram) responder-me e esclarecer-me. Contactei depois a Big Picture (?!), distribuidora em Portugal de filmes da 20th Century Fox, que confirmaram… o que eu já suspeitava: o filme está legendado em português-de-tarado-e-de-atrasado-mental.
Assim, decidi esperar que «Prometheus» seja: editado em disco, através do qual o visionarei com legendas em inglês – o que aliás comecei a fazer ainda antes da imposição do AO90; ou exibido na televisão, de onde, mesmo que com falta de letras e de acentos nas legendas, não serei obrigado a comprar um bilhete caro e a aturar grunhos imbecis que não param de fazer ruídos durante a exibição, sejam eles de deglutição de pipocas e de refrigerantes ou de conversas com e sem telemóvel – insulto por insulto, antes aquele que me fica mais barato.
(Adenda – De facto, num primeiro contacto, telefónico, a resposta da Zon Lusomundo não foi esclarecedora; porém, num segundo, por correio electrónico, já foi. Em resposta a uma mensagem minha, uma pessoa da Direcção de Marketing daquela empresa respondeu-me que «sendo a legendagem feita em Portugal por profissionais, é certo que estará ao abrigo do acordo ortográfico em vigor»; ao que eu por minha vez respondi que «se de facto a legendagem fosse feita por VERDADEIROS profissionais, isto é, por pessoas que zelam pela dignidade da língua (e ortografia) portuguesa, que não se deixam intimidar por imposições ilegítimas e vergonhosas, aquela não estaria “ao abrigo do acordo ortográfico (que não está) em vigor”.»)