Poderá igualmente gostar de
Ver A Arte. Eis um modo incrivelmente simples e sublime:
Hoje temos dois asteróides a referir: o 26733 Nanavisitor foi encontrado em 2001, e tem o nome de uma actriz contemporânea, conhecida por ter desempenhado um papel na série televisiva Star Trek: Deep Space Nine – está hoje a 1.37 UA da Terra, em vez de…
Os caturras da velha ortografia têm assim uns entusiasmos súbitos com as coisas mais estapafúrdias. Cansados de derrotas, sempre que lhes aparece à frente um artigo de alguém a deitar abaixo a nova ortografia enchem o papo de ar e pavoneiam-se por aí, inchados de orgulho, quais pombos em pleno cio. Um dos casos mais recentes foi o de uma tal Maria Regina Rocha, que dedicou algumas horas do seu tempo livre, decerto, a fazer uma espécie de estudo em que pega no vocabulário da mudança disponível no Portal da Língua Portuguesa e conta o número de casos em que a nova ortografia “unifica” e “desunifica” a ortografia. Pretende com isso provar que o AO é absurdo porque não unifica coisa nenhuma, e blá blá blá e renhónhó.
O problema, claro, é que o que ela faz e diz padece de vários problemas. Problemas tão sérios que, se fossem doenças, dariam direito a internamento.
Em primeiro lugar, a senhora conta os casos em que a ortografia é unificada ou não o é, mas exclui à partida categorias inteiras de palavras, nas quais só muda a ortografia brasileira, e que, certamente por pura coincidência (caso contrário teríamos de concluir má-fé ou desonestidade intelectual, o que seria chato) ficam todas, sem exceção, iguais às portuguesas. Diz que é por serem “residuais”. Acontece que o AO altera cerca de 0,5% do léxico brasileiro (contra 1,5% do português), e quase todas as alterações têm a ver, precisamente, com essas categorias de palavras. Pelo menos 0,4% do léxico.
É um resíduo e peras, hã?
Em segundo lugar, afirma coisas extraordinárias como esta: “Em Portugal, altera-se a ortografia fazendo desaparecer as referidas consoantes e, afinal, no Brasil, essa ortografia de cariz etimológico mantém-se!” Nem lhe passa pela cabeça (ou se passa voltamos à tal má-fé e desonestidade intelectual, o que volta a ser chato) que a tal “ortografia de cariz etimológico” só se mantém no Brasil quando não se limita a ser uma questão etimológica mas se trata de uma questão de pronúncia. Lá, como cá, as consoantes mantêm-se quando são pronunciadas. Não por a etimologia das palavras ser esta ou aquela, mas por a sua pronúncia ser esta ou aquela. Falar-se aqui de manutenção da etimologia é, como soi dizer-se, atirar areia para os olhos dos papalvos.
Ou distração, vá. Se calhar foi só distração.
Mas o mais importante nem é isto. É a confusão em que os caturras tantas vezes mergulham quanto ao significado da expressão “unificação ortográfica”. Confundem unificação com uniformização e dizem disparates sobre o acordo não fazer o que diz que faz porque não uniformizou a ortografia da língua.
Acontece que nunca foi esse o objetivo.
Querem que eu repita?
Nunca. Foi. Esse. O. Objetivo.
O objetivo, conforme expresso em documentação oficial (um anexo ao texto legislativo que contém o acordo aquando da sua publicação em Diário da República, mais precisamente), sempre foi, desde o início, e cito, “consagrar uma versão de unificação ortográfica que fixe e delimite as diferenças actualmente existentes e previna contra a desagregação ortográfica da língua portuguesa.” Quem saiba ler português, em qualquer das ortografias em que a língua se possa expressar (e esta é a antiga portuguesa, boa para caturras), facilmente compreenderá que o que aqui está em causa não é uma uniformização ortográfica, mas uma unificação no sentido em que passa com o AO a haver um documento único, válido para todos os países lusófonos, a definir a ortografia do português.
Um documento único, portanto unificado, a substituir os dois até aí existentes e a possibilidade muito real de passarem a haver mais a curto ou médio prazo.
Isto, é bom dizê-lo, podia ter sido feito deixando tudo como estava. Podia ter-se simplesmente criado um documento único que elencasse todas as variantes tal como existiam nas ortografias pré-AO, e o resultado em termos de unificação ortográfica seria o mesmo. Passaria na mesma a haver um único documento a definir a ortografia da língua portuguesa, e esta, portanto, ficaria unificada. Não uniformizada, mas unificada.
Mas os caturras não percebem isto. A mim parece coisa simples de entender, mas eles não entendem.
Mistérios do raciocínio caturreiro.
De quantos tipos de objectos cósmicos se conseguem lembrar em 10 segundos? Mencionaram alguns destes? Planetas, satélites, estrelas, galáxias, asteróides, cometas, nebulosas, buracos negros? Todos estes objectos, bem como tudo na Terra e tudo o que já conseguimos observar com todos os nossos instrumentos e ferramentas de análise, constitui menos […]