No próximo dia 13 de Fevereiro, a partir das 14.30, na (sala multimédia da) Biblioteca Nacional de Lisboa, vai decorrer, integrada no seminário permanente «Ciência e Cultura – Quebrar fronteiras», a sessão «Imaginar e inventar – algumas questões gerais sobre a sua unidade genética».
Segue-se a transcrição do texto de apresentação dado pela BNP (com a correcção dos erros ortográficos detectados naquele). «O que é a invenção? Que relação tem com a criação, com a inovação e com a descoberta? O que a liga à imaginação? Tanto nas ciências como nas técnicas, tanto nas artes como nas letras, a invenção parece indissociável da possibilidade de evidenciar novas conexões de imagens, de conhecimentos ou de procedimentos através de uma combinação original de meios disponíveis com vista a um fim determinado. Há invenção quando essas combinações anteriormente desconhecidas são conduzidas à identidade de um projecto definido e desejado. Nesse sentido, se é fácil admitirmos que a invenção supõe uma descoberta de um dado novamente isolado e interpretado num conjunto de modelos ou de procedimentos disponíveis, é também simples admitir que (quer ele seja científico, técnico ou cultural – aceitando que cada um deles exprime uma mesma dinâmica originária) também uma descoberta supõe a invenção de formas que permitem aperceber um dado para o qual não se reparou anteriormente ou cuja potencialidade não tinha em parte sido nem vislumbrada nem acolhida. Ora, a possibilidade de evidenciar o que ainda não se conhecia ou de o realizar por meio de um agenciamento original daquilo que já era admitido, (quer se trate de imagens, de modelos, de procedimentos) parece requerer a antecipação de potencialidades inerentes a dados já aceites ou a práticas tidas como habituais, o que é característico de uma imaginação criativa ou realizadora. De modo a tornar manifesta a relação existente entre a imaginação, a criação e a invenção, nesta sessão do seminário permanente “Ciência e Cultura: Quebrar Fronteiras», vamos interessar-nos pela obra de Gilbert Simondon, em especial por alguns capítulos das suas aulas de 1965-1966, reunidas no volume com o título “Imagination et Invention”. A teoria do filósofo francês mostra-nos a imaginação e a imagem como funções vitais fundamentais e vias essenciais do psiquismo dos seres vivos (humanos e mais que humano): tanto a percepção como a consciência são informadas pela imagem, cujas primeiras formas são a vida, a vitalidade, o movimento organizado e constante. Esta actividade local, de origem endógena, pode ser entendida como condição de possibilidade no sujeito da própria doação do objecto na percepção e como aquilo por meio do qual a subjectividade ultrapassa e transforma os dados perceptivos. Mostra-nos, por isso, a unidade orgânica entre a imaginação e a invenção, à qual prestaremos uma especial atenção.»
O orador desta sessão será Nuno Miguel Proença, que é «investigador do Grupo Pensamento Moderno e Contemporâneo do CHAM – Centro de Humanidades, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, onde trabalha sobre a relação entre afectividade e representações; doutorado em Filosofia na EHESS, em Paris, com uma tese sobre Freud orientada por Fernando Gil e publicada sob o título “Qu’est-ce que l’objectivation en psychanalyse?” (L’Harmattan, 2008). Com Adelino Cardoso coordenou a edição do dossier “Evidência, afecto e inconsciente”, N.º 35 da Revista Cultura (2016), assim como o livro “Dor, Sofrimento e Saúde Mental na Arquipatologia de Filipe Montalto” (Húmus, 2018). Mais recentemente publicou “Vida, Afectividade e Sentido” (Húmus, 2020) e o livro de ficções “Segunda Visão da Noite” (Húmus, 2023).