Descendente da linhagem de Melusina, Jacquetta sempre teve uma ligação ao mundo do sobrenatural. Como outras mulheres da sua família, também ela ouve o canto da deusa das águas quando alguém da sua família está para morrer e, por vezes, os véus do destino permitem-lhe ver o futuro. É a reputação dos dons invulgares da sua família que a coloca sob o escrutínio do duque de Bedford. Figura essencial do reino, o duque está disposto a buscar conhecimento em todos os meios que lhe permitam contribuir para o bem do reino que serve. E Jacquetta, pura e com a magia no sangue, pode ser precisamente o que lhe falta. Assim, a jovem donzela torna-se duquesa do reino e, a partir daí, os seus caminhos estarão intimamente ligados com os das suas figuras principais, permitindo-lhe assistir ao despertar de tempos conturbados.
Mãe de Isabel Woodville e dotada de todos os dons atribuídos às mulheres da sua linhagem, Jacquetta é, à partida, a personagem ideal para apresentar os acontecimentos iniciais da que viria a ficar conhecida como Guerra das Rosas. Partindo de um momento importante tanto para a história de França como de Inglaterra – o martírio de Joana d’Arc – a autora desenvolve, desde cedo, a personalidade de Jacquetta e os primeiros traços de uma vida que será sempre ligada ao sobrenatural. Além disso, a intensidade dos momentos iniciais cria, desde logo, uma envolvência que se manterá constante, à medida que a vida individual de Jacquetta se liga com a história do reino que se tornará o seu. Esposa de Bedford, duquesa do reino, confidente de uma rainha, a narração da história pela voz de Jacquetta permite uma visão dos acontecimentos que é, ao mesmo tempo, completa e pessoal.
Este lado pessoal cria um interessante contraste entre a vida pessoal e familiar da protagonista, com a rebeldia do casamento por amor e o evidente afecto para com o marido e os filhos, e o papel de uma mulher na corte. Enquanto amiga de Margarida de Anjou, Jacquetta tem, inevitavelmente, um papel a desempenhar nos conflitos que surgem no reino e a sua visão próxima dos acontecimentos e intrigas da corte permitem uma visão bastante clara dos acontecimentos que levaram ao conflito. Além disso, Jacquetta é também uma figura representativa para a interessante reflexão sobre o papel das mulheres do mundo: ao presenciar situações como a da morte de Joana d’Arc, mas também da perseguição às bruxas e aos alquimistas, é a própria protagonista quem medita sobre a forma como o mundo de homens do seu tempo se pode sentir assustado ante uma figura feminina com conhecimento e poder.
De referir, por último, a forma como a história deste livro completa na perfeição a apresentada em A Rainha Branca. Através da história de Jacquetta, é possível ver já muito do que virá a definir a personalidade de Isabel Woodville, mas também o papel que os seus familiares terão a representar nas reviravoltas futuras do conflito. Torna-se, assim, mais nítida a linha que une os vários romances da autora relativos a esta época, ficando, após esta leitura, uma visão global bem mais precisa.
Escrito de forma envolvente, com um toque de magia e um equilíbrio muito bem conseguido entre os acontecimentos históricos e o lado pessoal das personagens que os protagonizam, A Senhora dos Rios acrescenta à fascinante abordagem de Philippa Gregory ao período da Guerra das Rosas a visão de um período mais inicial, mas igualmente interessante, do conflito. Marcante tanto pela história como pelas personagens que a povoam, um livro muito bom.
As Leituras do Corvo :: A Senhora dos Rios (Philippa Gregory)
Descendente da linhagem de Melusina, Jacquetta sempre teve uma ligação ao mundo do sobrenatural. Como outras mulheres da sua família, também ela ouve o canto da deusa das águas quando alguém da sua família está para morrer e, por vezes, os véus do destino permitem-lhe ver o futuro. É a reputação dos dons invulgares da sua família que a coloca sob o escrutínio do duque de Bedford. Figura essencial do reino, o duque está disposto a buscar conhecimento em todos os meios que lhe permitam contribuir para o bem do reino que serve. E Jacquetta, pura e com a magia no sangue, pode ser precisamente o que lhe falta. Assim, a jovem donzela torna-se duquesa do reino e, a partir daí, os seus caminhos estarão intimamente ligados com os das suas figuras principais, permitindo-lhe assistir ao despertar de tempos conturbados.
Mãe de Isabel Woodville e dotada de todos os dons atribuídos às mulheres da sua linhagem, Jacquetta é, à partida, a personagem ideal para apresentar os acontecimentos iniciais da que viria a ficar conhecida como Guerra das Rosas. Partindo de um momento importante tanto para a história de França como de Inglaterra - o martírio de Joana d'Arc - a autora desenvolve, desde cedo, a personalidade de Jacquetta e os primeiros traços de uma vida que será sempre ligada ao sobrenatural. Além disso, a intensidade dos momentos iniciais cria, desde logo, uma envolvência que se manterá constante, à medida que a vida individual de Jacquetta se liga com a história do reino que se tornará o seu. Esposa de Bedford, duquesa do reino, confidente de uma rainha, a narração da história pela voz de Jacquetta permite uma visão dos acontecimentos que é, ao mesmo tempo, completa e pessoal.
Este lado pessoal cria um interessante contraste entre a vida pessoal e familiar da protagonista, com a rebeldia do casamento por amor e o evidente afecto para com o marido e os filhos, e o papel de uma mulher na corte. Enquanto amiga de Margarida de Anjou, Jacquetta tem, inevitavelmente, um papel a desempenhar nos conflitos que surgem no reino e a sua visão próxima dos acontecimentos e intrigas da corte permitem uma visão bastante clara dos acontecimentos que levaram ao conflito. Além disso, Jacquetta é também uma figura representativa para a interessante reflexão sobre o papel das mulheres do mundo: ao presenciar situações como a da morte de Joana d'Arc, mas também da perseguição às bruxas e aos alquimistas, é a própria protagonista quem medita sobre a forma como o mundo de homens do seu tempo se pode sentir assustado ante uma figura feminina com conhecimento e poder.
De referir, por último, a forma como a história deste livro completa na perfeição a apresentada em A Rainha Branca. Através da história de Jacquetta, é possível ver já muito do que virá a definir a personalidade de Isabel Woodville, mas também o papel que os seus familiares terão a representar nas reviravoltas futuras do conflito. Torna-se, assim, mais nítida a linha que une os vários romances da autora relativos a esta época, ficando, após esta leitura, uma visão global bem mais precisa.
Escrito de forma envolvente, com um toque de magia e um equilíbrio muito bem conseguido entre os acontecimentos históricos e o lado pessoal das personagens que os protagonizam, A Senhora dos Rios acrescenta à fascinante abordagem de Philippa Gregory ao período da Guerra das Rosas a visão de um período mais inicial, mas igualmente interessante, do conflito. Marcante tanto pela história como pelas personagens que a povoam, um livro muito bom.
As Leituras do Corvo :: A Senhora dos Rios (Philippa Gregory)
Descendente da linhagem de Melusina, Jacquetta sempre teve uma ligação ao mundo do sobrenatural. Como outras mulheres da sua família, também ela ouve o canto da deusa das águas quando alguém da sua família está para morrer e, por vezes, os véus do destino permitem-lhe ver o futuro. É a reputação dos dons invulgares da sua família que a coloca sob o escrutínio do duque de Bedford. Figura essencial do reino, o duque está disposto a buscar conhecimento em todos os meios que lhe permitam contribuir para o bem do reino que serve. E Jacquetta, pura e com a magia no sangue, pode ser precisamente o que lhe falta. Assim, a jovem donzela torna-se duquesa do reino e, a partir daí, os seus caminhos estarão intimamente ligados com os das suas figuras principais, permitindo-lhe assistir ao despertar de tempos conturbados.
Mãe de Isabel Woodville e dotada de todos os dons atribuídos às mulheres da sua linhagem, Jacquetta é, à partida, a personagem ideal para apresentar os acontecimentos iniciais da que viria a ficar conhecida como Guerra das Rosas. Partindo de um momento importante tanto para a história de França como de Inglaterra - o martírio de Joana d'Arc - a autora desenvolve, desde cedo, a personalidade de Jacquetta e os primeiros traços de uma vida que será sempre ligada ao sobrenatural. Além disso, a intensidade dos momentos iniciais cria, desde logo, uma envolvência que se manterá constante, à medida que a vida individual de Jacquetta se liga com a história do reino que se tornará o seu. Esposa de Bedford, duquesa do reino, confidente de uma rainha, a narração da história pela voz de Jacquetta permite uma visão dos acontecimentos que é, ao mesmo tempo, completa e pessoal.
Este lado pessoal cria um interessante contraste entre a vida pessoal e familiar da protagonista, com a rebeldia do casamento por amor e o evidente afecto para com o marido e os filhos, e o papel de uma mulher na corte. Enquanto amiga de Margarida de Anjou, Jacquetta tem, inevitavelmente, um papel a desempenhar nos conflitos que surgem no reino e a sua visão próxima dos acontecimentos e intrigas da corte permitem uma visão bastante clara dos acontecimentos que levaram ao conflito. Além disso, Jacquetta é também uma figura representativa para a interessante reflexão sobre o papel das mulheres do mundo: ao presenciar situações como a da morte de Joana d'Arc, mas também da perseguição às bruxas e aos alquimistas, é a própria protagonista quem medita sobre a forma como o mundo de homens do seu tempo se pode sentir assustado ante uma figura feminina com conhecimento e poder.
De referir, por último, a forma como a história deste livro completa na perfeição a apresentada em A Rainha Branca. Através da história de Jacquetta, é possível ver já muito do que virá a definir a personalidade de Isabel Woodville, mas também o papel que os seus familiares terão a representar nas reviravoltas futuras do conflito. Torna-se, assim, mais nítida a linha que une os vários romances da autora relativos a esta época, ficando, após esta leitura, uma visão global bem mais precisa.
Escrito de forma envolvente, com um toque de magia e um equilíbrio muito bem conseguido entre os acontecimentos históricos e o lado pessoal das personagens que os protagonizam, A Senhora dos Rios acrescenta à fascinante abordagem de Philippa Gregory ao período da Guerra das Rosas a visão de um período mais inicial, mas igualmente interessante, do conflito. Marcante tanto pela história como pelas personagens que a povoam, um livro muito bom.