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Numa época em que o SyFy Channel fez do camp o seu sustento e elevou para o estatuto de culto todo um conjunto de filmes-catástrofe (em ambos os sentidos) que, para todos os efeitos, são ficção científica televisiva de Série F ou algo que lhe valha, fará algum sentido repescar Dungeons & Dragons e analisá-lo a partir de outro ponto de vista. O fenómeno, aliás, é já antigo, e antecede o próprio Ed Wood, mestre na arte: os tais filmes que, de tão maus que são em todos os aspectos que se possam conceber, se tornam em objectos fascinantes e irresistíveis. Como quem abranda para assistir ao resultado do desastre na auto-estrada. Neste campo, e no que à fantasia cinematográfica diz respeito (um género onde as obras-primas nunca foram abundantes), será talvez difícil encontrar rival para o Dungeons & Dragons do contrariado Courtney Solomon: por mais interessante que seja o exercício de fazer algo propositadamente mau, conceber tamanho desastre por acaso é um facto tão extraordinário que acaba por ter mérito.
O resto do elenco não ajuda, note-se: a apatia de Thora Birch no papel de Imperatriz Savina e a estranheza dede Bruce Payne como Damodar (é um desempenho difícil de descrever por ser ao mesmo tempo tão morto e tão exagerado) acabam por reforçar a veia cómica e over the top de Profion. O que se nota especialmente quando entram em cena os comic reliefs do filme: Snails (Marlon Wayans) e o anão Elwood (Lee Arenberg) esforçam-se nos seus gags e nas suas imitações grosseiras, mas nunca conseguem alcançar o patamar cómico do vilão. Convenhamos, porém, que em momento algum o guião ajudou: para além dos diálogos pedestres e dos clichés martelados, ainda produziu momentos tão bizarros que só podem funcionar como comédia.
O facto passou algo despercebido, mas Filha do Sangue, o primeiro volume da Trilogia das Jóias Negras, de Anne Bishop, já está editado pela Saída de Emergência. Trata-se de uma fantasia épica de tons sombrios que venceu, em 2000, o prémio Crawford de fantasia.