O anúncio foi feito ontem pelo próprio Guillermo del Toro - Pacific Rim irá ter uma sequela em filme com estreia prevista para 2017. E mais do que isso: a banda desenhada Tales From Year Zero, do argumentista Travis Beecham, também irá ser continuada, e será produzida ainda uma série animada neste universo ficcional. O que parece indicar que os resultados da bilheteira internacional (leia-se: não norte-americana) foram suficientes para convencer os responsáveis da Legendary Pictures a dar continuidade ao projecto de del Toro.
Recebo a notícia com um misto curioso de satisfação e frustração. Por um lado, Pacific Rim - com todas as suas falhas e limitações - foi, de longe, o filme que mais gostei de ver em cinema nos últimos anos: duas horas de diversão pura, com uma história positiva como poucas na ficção científica contemporânea. Mais do que isso, por entre a espectacularidade das batalhas entre Jaegers e Kaiju, Pacific Rim deixa antever uma sociedade profundamente alterada após anos de invasões sucessivas, num mundo apocalíptico que se percebe ser rico, detalhado e muito interessante - e é excelente que del Toro, Beecham e Zak Penn tenham uma oportunidade de o aprofundar. Por outro lado, não deixa de ser mais uma sequela num mercado saturadíssimo de continuações e derivações - e por mais interessante que Pacific Rim 2 se venha a revelar, nem por isso deixa de ser um tanto ou quanto desnecessário, dada a forma como o filme original consegue contar a sua história sem deixar pontas soltas ou mesmo um fio condutor evidente para alimentar eventuais continuações. Dito de outra forma: Pacific Rim dispensava tornar-se numa franchise. Sobretudo quando permanece em águas de bacalhau (ou, para usar o termo de Hollywood, em development hell) o terceiro e último capítulo da (excelente) trilogia Hellboy, previsto no argumento dos dois filmes anteriores mas nunca produzido.
Mas, por mais que tenha gostado do filme original, preferia ver novos projectos, originais ou adaptados, de de Toro. Enfim, retire-se a boa notícia do caso: mais kaiju serão sempre bem-vindos.