A iniciativa de criar este prémio excepcional - Troféus Central Comics 2001-2012 - consiste, também, numa homenagem à banda desenhada portuguesa que foi criada e editada ao longo desses anos: numa conjuntura actual de mercado cada vez mais desmemoriada e desenraizada, é uma boa oportunidade para recordar (ou descobrir) alguns dos mais importantes livros portugueses de BD que marcaram a primeira década deste século, como, por exemplo, A Pior Banda do Mundo: O Quiosque da Utopia de José Carlos Fernandes (Devir), Salazar, Agora na Hora da Sua Morte de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha (Parceria A.M.Pereira) e O Amor Infinito Que te Tenho de Paulo Monteiro (Polvo). Aliás, só o facto de se voltar a chamar a atenção para estes três títulos indispensáveis, entre tantos outros, demonstra a pertinência destes Troféus Central Comics 2001-2012 e, além disso, relembra a riqueza de estilos, escolhas e abordagens com que a BD portuguesa sempre se fez.
Inscrevendo-me no exercício de memória a que somos convidados acima, não quero deixar de evocar, em breves apontamentos, a minha própria obra de banda desenhada: não só porque ela me orgulha bastante, como, neste momento, em que preparo dois novos livros de BD (um para ser editado em 2013 e outro em 2014), penso que é fundamental exemplificar que é o trabalho árduo e contínuo - de rigor e de imaginação - que faz a carreira de um autor.
Cidade-Túmulo (Círculo de Abuso, 2000)
Argumento e desenhos: David Soares
«Metáfora assustadora do que, lentamente,
se alimenta do velho para construir o novo.»
Ler, Vida.pt
«Negro. Violento. Denso. Excelente.»
Mondo Bizarre
Mr. Burroughs (Círculo de Abuso, 2000; Frémok, 2003)
Argumento: David Soares; Desenhos: Pedro Nora
Prémios Amadora BD: Melhor Argumentista Nacional e Melhor Desenhador Nacional (2001)
«David Soares medita sobre a criação e os seus custos, pagos nas moedas torturadas em que se costuma resgatar o génio.»
Jornal de Letras
«Texto rigoroso e surpreendente.»
Les Inrockuptibles (França)
Sammahel (Círculo de Abuso, 2001)
Argumento e desenhos: David Soares
Troféu Central Comics: Melhor Argumentista Nacional (2001)
«Uma das obras mais sofisticadas da nova BD nacional.»
Diário de Notícias
A Última Grande Sala de Cinema (Círculo de Abuso, 2003)
Argumento e desenhos: David Soares
Livro vencedor de uma Bolsa de Criação Literária do IPLB/Ministério da Cultura
«Inspirado na magia das velhas salas, apresenta uma narrativa cheia de referências ao mundo das paixões e técnicas cinematográficas (...)
recortadas por uma fina ironia.»
Premiere
«Como se encara uma nova proposta de David Soares? Com a presunção imediata de um mundo inventivo, delirante, macabro, detalhado, pensado, onde as palavras fluem em movimentos hipnóticos. O talento de David Soares explode.»
Jornal de Letras
Mucha (Kingpin Books, 2009)
Argumento: David Soares; Desenho: Osvaldo Medina; Arte-Final: Mário Freitas
«Hábil na criação de uma escalada de sufoco (...) quanto à ameaça que a epígrafe de Sófocles, na Antígona, lança na página que antecede a narrativa: "Estas coisas são de um futuro próximo." Mais do que o zumbido contínuo das moscas, são essas palavras que ecoam em cada prancha de Mucha.»
LER
É de Noite que Faço as Perguntas (Saída de Emergência, 2011)
Argumento: David Soares; Desenho: Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel Silvestre da Silva, Richard Câmara
«Uma narrativa prenhe de símbolos e leituras simbólicas.»
Os Meus Livros
«David Soares pesquisa mais fundo, tenta traçar um retrato mental do país (...) um livro que vale a pena ler, decifrar, discutir».
Jornal de Letras
O Pequeno Deus Cego (Kingpin Books, 2011)
Argumento: David Soares; Desenho: Pedro Serpa
Prémio Amadora BD: Melhor Argumentista Nacional (2012)
«Como en toda la obra de Soares, el mejor guionista de la historieta portuguesa contemporánea, O Pequeno Deus Cego cuenta con las palabras justas. Como un mago, Soares navega entre la vida y la muerte, entre el sueño y la conciencia, entre la palabra y la imagen, entre la alegría y el sufrimiento.»
La Bitacora de Maneco (Argentina)
«Uma alegoria em torno da ignorância e da urgência do seu antídoto (...) para explorar a natureza humana a partir de tempos e lugares concretos, mas projectando as suas incertezas e os seus gestos mais memoráveis ao longo de um arco cronológico sem princípio nem fim.»
LER