Uma das obras que mais me impressionou no género fantástico português foi a gravação de Lisboa (2002), um épico soturno e erudito em registo spoken word da autoria do escritor David Soares (com mistura sonora e produção de Fernando Matias). Uma...
Arquivo do dia: 2012-06-12
O tio Montague é uma figura estranha que vive numa grande casa velha no meio dos bosques. Mas é também um fantástico contador de histórias, o que fez com que Edgar ganhasse o hábito de o visitar durante as férias de Verão. Mas esta visita vai s...
"Quando estava bem de saúde fizeste de mim o homem mais feliz do mundo. Quando estava a meio mundo de distância, sabia que contemplava o mesmo céu que tu, que pensava no mesmo que tu; queria estar contigo e vivia ansioso pelo momento em que ...
Excerto em spoken word do meu romance A Conspiração dos Antepassados (Saída de Emergência, 2007). Neste trecho, o mago inglês Aleister Crowley retorna pelo espaço-tempo à Boca do Inferno, em Cascais, e é refeito depois de ter sido digerido ...
O Que Estranho é a frequência com que, no meu contínuo mergulho pelas entranhas do (pouco) que se possa identificar como Ficção Científica portuguesa clássica, ocasionalmente misturando-se com os praticantes da (pouca) real pulp fiction lusitana, encontro convicções desta natureza, atiradas sem qualquer contexto e sem qualquer relativização face ao género (pois não duvido que o autor tinha um tipo particular de histórias em mente).
Que o mainstream nos castigasse pela nossa ousadia de marginalidade, perfeito - faz parte do jogo. Receber invectivas destas dos que labutam ao nosso lado é mais complicado. E não - não foi o único. Mas ao menos é uma pista adicional - e importante - para compreender a dificuldade de consolidação do género neste país na época em que supostamente devia medrar.
Da entrevista de António Dias de Deus a Raul Correia, autor frequente d'O Mosquito - o negrito é nosso:
(...) D.D. - Há ainda muitas novelas, sem qualquer nome de autor. Poderia identificá-las?
R.C. - Vejamos: «O Falcão da Pradaria» - Raul Correia; «O País dos Ventos Ululantes» - José Padinha; «O Vale do Silêncio» - Raul Correia; «O Punhal do Imperador» - José Padinha?; «O Juramento de Águia Negra», «Um Caçador Fez testamento», «Quero Ser Palhaço», «Tobias Contou a História» - José Padinha? Quanto a «O Príncipe e o seu Fantasma», sabia que muitas dessas histórias eram adaptações de histórias inglesas? Essa, por exemplo, era de ficção científica. Eu nunca escreveria ficção científica, género que detesto.
D.D. - Sim, é um género que denota grande falta de imaginação.
R.C. - Pois é. Inventa-se um planeta estranho, fabricam-se uns habitantes desse planeta, e, no fim, fazemo-los actuar como se tivessem um comportamento humano. Ora, se houvessem outros tipos de vida, eles poderiam ser totalmente diferentes dos nossos. Até talvez nem fosse precisa a existência de água. Nós só falamos daquilo que já conhecemos.